Pânico: O Legado do Grito – Entrevista com Padraic Maroney

De Woodsboro ao Brasil: O livro definitivo sobre o legado de Pânico.

Por Rodrigo Kurtz, editor do site HelloSidney.com.

Quando It All Began with a Scream foi lançado pela primeira vez em 2021, rapidamente se tornou leitura obrigatória para os fãs da franquia Pânico. Agora, graças ao brilhante trabalho da DarkSide® Books e da Macabra Filmes, o livro finalmente chega ao Brasil — renascido como Pânico: O Legado do Grito.

Mais do que uma tradução, esta edição é uma verdadeira peça de colecionador, com novo design impactante, galeria de fotos e uma atualização exclusiva cobrindo os capítulos mais recentes da saga. Tive a honra absoluta de escrever o prefácio desta edição — algo que significa muito para mim, especialmente por fazer parte de um projeto de uma das minhas editoras preferidas.

Para marcar esse lançamento, conversei com o autor Padraic Maroney sobre as origens do livro, o legado de Wes Craven, histórias inéditas dos bastidores e o que significa ver o Ghostface assombrando estantes em uma nova parte do mundo.

1. Para os leitores brasileiros que estão “atendendo o telefone” agora: como você apresentaria seu livro?
Padraic Maroney: Meu objetivo é que os leitores sintam que estavam lá, no set, enquanto os filmes eram feitos. As histórias de bastidores compartilhadas pelos atores e cineastas mostram não apenas como os filmes foram feitos, mas o que foi necessário para fazê-los e o que estava acontecendo na época.

2. Quais eram seus objetivos ao escrever o livro? Você abordou como jornalista, fã de terror — ou ambos?
Padraic: Acho que a abordagem é melhor descrita como “a perspectiva de um fã, mas com a integridade de um jornalista,” como diz o produtor de Premonição, Craig Perry. Escrevi este livro por ser pessoalmente fã dos filmes Pânico e querer celebrá-los, mas também sem deixar de lado os elementos complexos que contribuíram para o resultado final. Não é uma visão açucarada dos bastidores, mas também não é sensacionalista tentando expor alguém. Parte de um lugar de admiração.

3. A edição brasileira tem novo design, materiais inéditos e uma conexão forte com as comunidades da DarkSide e da Macabra. Como foi ver seu trabalho reimaginado em outro idioma e formato?
Padraic: Ainda estou esperando — ansiosamente — pelas minhas cópias físicas. Mal posso esperar para ver e segurar. A arte e tudo o que vi estão incríveis. É empolgante ver como eles pegaram It All Began With a Scream e o reinventaram como algo novo. Honestamente, vejo Pânico: O Legado do Grito como um livro separado, como um remake ou as releituras que fazem no cinema.

4. Como foi ser procurado por uma editora brasileira — e saber que agora Ghostface assombra prateleiras do outro lado do mundo?
Padraic: Foi uma honra imensa a DarkSide e a Macabra quererem licenciar o livro para o Brasil — e por você estar envolvido nesta edição. Trabalhei numa editora médica logo após a faculdade e às vezes via versões traduzidas dos livros que publicávamos. Nunca imaginei que algo que eu escrevesse seria traduzido. Mas, de novo, essa não é só uma tradução de It All Began With a Scream. Com o seu novo prefácio, é realmente um novo projeto feito por fãs de Pânico para fãs de Pânico.

5. No livro, você diz que assistir Pânico em 1996 “despertou algo” em você. Como esse momento moldou sua conexão com a franquia e te inspirou a escrever o livro?
Padraic: Ver Pânico na noite de estreia me impactou porque percebi que não era só o que estava na tela que importava. Foi a primeira vez que entendi a importância de roteiristas, diretores e da equipe nos bastidores. Parece bobo não pensar nisso antes, mas eu era jovem e nunca tinha refletido sobre isso. A partir daí, quis ser escritor, sempre me inspirando em Pânico e Kevin Williamson ao longo da minha carreira.

06. O livro é incrivelmente detalhado. Como foi o processo de pesquisa e entrevistas? Alguma fonte difícil ou surpreendente?
Padraic: Ter assistido aos filmes incontáveis vezes ajudou a reduzir o dever de casa. Mas há tanta coisa sobre Pânico — nem tudo é confiável — que é preciso pesquisar com atenção. Depois das entrevistas, usei cartões para organizar tudo. Foram 1.200 cartões usados no livro, e muitos mais que não entraram. Algumas pessoas recusaram participar ou pediram compensação. Por outro lado, como muitos envolvidos continuam amigos, uma entrevista levava à próxima. A produtora Marianne Maddalena foi muito generosa e conectou várias pessoas comigo.

07. Sua visão sobre Wes Craven é detalhada e afetuosa. No processo de escrever o livro, o que mais te surpreendeu aprender sobre ele?
Padraic: O que mais me marcou foi a frustração de não tê-lo conhecido antes de sua morte. Todos falaram com tanto carinho dele — histórias de sabedoria, de como era cuidadoso e gentil no set. Sempre fui fã, mas passei a respeitá-lo ainda mais. Não é fácil ser universalmente querido — até mesmo por quem ele demitiu.

08. Muitos dizem que o set do primeiro Pânico era como um acampamento de verão. Qual a história mais divertida ou memorável que você descobriu?
Padraic: Realmente era como um acampamento. Algo que me chamou atenção foi o impacto da Drew Barrymore, mesmo não ficando muito tempo no set. Ela filmou suas cenas, antes de todos, e deixou várias recomendações de lugares para o elenco e equipe conhecerem. Também falei com os donos do restaurante onde todos iam jantar depois das filmagens — foi lá que viram o começo do romance entre Courteney e David. Uma história divertida de compartilhar.

09. Qual foi o dado mais surpreendente que você descobriu — algo que nem os fãs hardcore sabem?
Padraic: Algumas informações sobre os bastidores de Pânico 4. Acho que é o filme mais subestimado da franquia. Foi lançado à frente do seu tempo e as reações mudaram com os anos, mas ainda é tratado como o “patinho feio”. Uma das minhas histórias favoritas no livro é a de Erik Knudsen e Rory Culkin indo ao hospital.

10. Pânico 3 brinca com camadas metalinguísticas mostrando a produção de Stab 3. Foi difícil cobrir esse ângulo? Encontrou paralelos entre ficção e caos real de Hollywood?
Padraic: Pânico 3 é complicado porque soa diferente dos outros filmes e divide os fãs. Mas acho que esconderam bem o que se passava nos bastidores. Mesmo assim, há elementos intencionais, como o paralelo metafórico entre o personagem John Milton e Harvey Weinstein.

11. Você dedica um capítulo ao pesadelo que foram as filmagens de Amaldiçoados. Por que achou importante contar essa história num livro sobre Pânico?
Padraic: Amaldiçoados mostra como Wes Craven e Marianne Maddalena eram leais aos seus colaboradores. Eles toparam o projeto para manter a equipe trabalhando após outro filme ser cancelado. Não dá para culpar só os Weinstein. Muita gente só via cifrões e não paixão. A produção foi anunciada antes mesmo de ter começado. Gostaria muito de ver o roteiro original que Kevin escreveu para Nova York — e o “Craven Cut”, um dia.

12. Há ótimas histórias de elenco — como Drew Barrymore trocando de papel ou a pequena aparição de Liev Schreiber. Qual decisão mais te surpreendeu ou definiu a identidade da série para você?
Padraic: Todo mundo ama saber o que poderia ter sido, né? Tipo saber que Eric Stonestreet (Modern Family) e Naomi Watts fizeram teste para Pânico 3, ou que Gabrielle Union quase interpretou Rebecca em Pânico 4. A força de Pânico está nas escalações contra o tipo. Drew trocando de Sidney para Casey foi crucial, e Courteney como Gale encaixou perfeitamente. Até Emma Roberts, que na época era vista como “boazinha”, surpreendeu. Esses detalhes ajudam a confundir o público — e isso é parte da diversão.

13. Seu livro foca nos quatro primeiros filmes, mas a edição brasileira traz uma atualização até Pânico 6. Você escreveria uma sequência aprofundando-se nos novos filmes da saga?
Padraic:Hoje em dia, você precisa ter uma continuação!” Esse é o plano: escrever um segundo livro sobre os filmes mais recentes — e talvez a série. Muita coisa acontece nos bastidores, mas é preciso tempo para analisá-las com objetividade. Como vimos em Pânico 7, a percepção sobre polêmicas muda. Daqui a alguns anos, espero mergulhar nessa nova fase da franquia.

14. Você encerra o livro refletindo sobre o impacto cultural de Ghostface. Na sua visão, qual é o legado mais duradouro da franquia hoje?
Padraic: O mais importante é como Pânico mudou o gênero do horror. O filme saiu numa época em que o terror estava praticamente morto. Ninguém achava que ia render — por isso foi vendido como thriller, e não como terror. São poucos os filmes que redefiniram o gênero, e Pânico fez isso. Quase 30 anos depois, continuam sendo feitos novos filmes na mesma linha do tempo — sem reboot, sem remake — com os mesmos personagens. A força de Pânico sempre foi o espelho que segura para o público. É por isso que os fãs se apegam tanto.

Confira Pânico: O Legado do Grito, já disponível pela DarkSide® Books e Macabra Filmes.

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